quinta-feira, agosto 31, 2006

SOBRE A HUMILDADE

Billy Blanco escreveu um poema ("A banca do distinto"), que transcrevo a seguir. Ele foi dado a conhecer por Carlos Oswaldo Pinto, a quem agradeço.

A Banca do Distinto



Não fala com pobre, não dá mão a preto

Não carrega embrulho

Pra que tanta pose, doutor

Pra que esse orgulho

A bruxa que é cega esbarra na gente

E a vida estanca

O enfarte lhe pega, doutor

E acaba essa banca

A vaidade é assim, põe o bobo no alto

E retira a escada

Mas fica por perto esperando sentada

Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão

Mais alto o coqueiro, maior é o tombo do côco afinal

Todo mundo é igual quando a vida termina

Com terra em cima e na horizontal.

segunda-feira, agosto 28, 2006

LAMENTO PELO BRASIL

LAMENTO PELO BRASIL

Como Jesus chorou por Jerusalém, eu choro pelo Brasil.
Eu choro pelo Brasil porque amo o Brasil.
Eu choro pelo Brasil porque o Brasil em que vivo merece o meu choro.

Choro de indignação contra aqueles que deveriam fazer tudo o que podem, mas só fazem para si mesmo. Esta é a nossa maior vergonha.
(Penso nesses quando recordo o Projeto de Constituição atribuído ao historiador Capistrano de Abreu (1853-1927):
Art. 1º - Todo brasileiro deve ter vergonha na cara.
Parágrafo único: Revogam-se as disposições em contrário.")

Choro de indignação contra aqueles que levantam bandeiras, mas seus mastros estão furados, embora envernizados; são bandeiras, mas bandeiras sem mãos limpas que as levantem. Esta é a nossa maior decepção. (Ouço de novo o discurso de Jesus, quando chamou a algumas pessoas de "sepulcros caiados", bonitos por fora, mas por dentro estão cheios de ossos e de todo tipo de imundície. Por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade" -- Mateus 23.27-28).

Choro de indignação contra aqueles que não investem em educação (deixando ir as crianças, em lugar de as fazerem vir, como manda Jesus Cristo) o que determina a Constituição em vigor e que ainda não conseguiram mudar. Este é a nossa maior estupidez.

Choro de indignação contra aqueles que não vêem os corpos brasileiros estendidos nos corredores das emergências dos hospitais públicos, num cenário típico do livro bíblico das Lamentações. Este é o nosso maior crime.

Choro de indignação contra aqueles que cortam aos jovens o direito de sonhar por lhes faltarem oportunidades para porem em prática o que aprenderam. Este é o nosso maior equívoco. (Ah se não fosse a promessa bíblica de que os jovens são fortes e podem vencer o mundo, como Jesus venceu!)

Choro pelo Brasil porque amo o Brasil como Jesus amava Jerusalém.

Mas eu preciso me perguntar: amo mesmo o Brasil como Jesus amava Jerusalém?
De que estou pronto a abrir mão por amar o Brasil?

Israel Belo de Azevedo