Ao se aposentar em 1963, Karl Barth recordou seu conselho oferecido aos jovens teólogos 40 anos antes:
"Pegue sua Bíblia e pegue seu jornal. Leia os dois, mas interprete os jornais a partir da Bíblia.
No mesmo dia, conversando com estudantes, acrescentou:
"Eu sempre oro pelos doentes, pelos pobres, pelos jornalistas, pelas autoridades do Estado e pela igreja -- nesta ordem.
As pérolas estão na revista Time, de 31 de maio de 1963.
Para conferir, acesse a revista Time.
quarta-feira, abril 23, 2008
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4 comentários:
Pastor Israel Belo, saudações em Cristo.
Enviei-lhe um e-mail pelo "Ler é bom demais" e não obtive resposta. Gostaria muito de poder contar com aquela entrevista via e-mail. Caso queira dar uma olhadaem meu trabalho, acesse: viaarte-arte.blogspot.com Sou membro da PIB em Itaguaí(RJ).Marcelo Amaral
Marcelo: escreva para israelbelo@gmail.com, por favor.
Muito importante esta fala de Barth, sobretudo para um protestantismo, como o nosso, muito alienado e hostil à cultura brasileira, na qual está inserido. Parece que estão pregando para o mundo antigo, e pouco falam aos dias atuais. Muitos símbolos são empurrados/pregados goela a dentro, porque não fazem sentido para um mundo que pensa diferente da maneira que pensavam antigamente.
Pouquíssimos pregadores pegam o jornal com seriedade, decididos a lerem. Que dirá lerem a partir da Bíblia? É preferível manter uma mensagem que tem funcionado há milênios a dialogar com o mundo atual.
Talvez Barth tenha contribuído um pouco com isso também. Afinal, ele se apressou em dizer que "um teólogo nunca deve ser formado pelo mundo em sua volta." (Cf. mesma entrevista) Que falácia! Deve ser formado por qual mundo então, mr. Barth? Por Marte?
Qualquer fundamentalista concordaria com ele para afirmar que temos que "ser formados" pela visão de mundo em torno da Bíblia. Aí promovem o literalismo, que lamentavelmente se torna o único meio de ser cristão no mundo eclesiástico protestante conservador.
Paul Tillich pensa diferente de Barth. Ele não dissocia cultura de religião. "A cultura é a forma da religião, e a religião é a substância da cultura", diz ele. Ou seja, o jornal e a Bíblia não estão separados. Lemos as Escrituras, não só através delas mesmas, mas através da nossa visão de mundo atual. Da mesma maneira, o jornal é lido a partir dos nossos valores religiosos, em diálogo com nossos princípios.
Não há porque ter medo da cultura. Querendo ou não a religião vai ser assunto de jornal. Mas infelizmente o jornal não é assunto de religião. Ele é visto como ameaçador, que tem uma visão que não acrescenta em nada. Esquecemos que somos nós quem construímos este mundo, para bem ou para mal, dentro ou fora da igreja.
Além do mais, religião está para além das instituições eclesiásticas. É, no sentido amplo, tudo aquilo que toca as pessoas para além de sua condição humana. Porque Deus se revela na cultura também, no jornal também. Cabe a nós, portanto, dialogar criticamente com a dimensão religiosa da cultura, e dos editoriais.
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