SOBRE UM GIGANTE
Tive o privilégio de caminhar com o Xavier (Pastor Manoel Xavier dos Santos Filho).
Xavier já foi operado duas vezes depois do diagnóstico de câncer no peritônio. Em cada cirurgia ficou dez dias no hospital.
Após a segunda, teve que voltar.
Moro e trabalho perto de onde ele mora e trabalha. Durante algum tempo, há algum tempo, nós nos encontrávamos toda segunda-feira para orar. Nosso estilo estressado (e infeliz) de vida acabou inviabilizando nossos graciosos encontros. Voltaremos a orar juntos.
Depois que voltou do hospital, para onde fora após a segunda cirurgia, procurei falar com ele mas não consegui. Não insisti porque tudo tem a sua ora.
Planejei visitá-lo, mas não consegui contato. Nesse dia, eu estava então na igreja, quase em frente ao prédio onde mora com Clenir e Filipe e Luana, quando minha esposa me chamou para me dizer que ele estava caminhando, junto com a Clenir, em volta do seu prédio. Corri para lá.
Caminhamos um pouco. Assentamo-nos.
Ele está mais magro, mas nada demais. Está sem dores. Está se alimentando bem. Está esperando os procedimentos que os médicos vão indicar. Está atento ao que acontecendo na sua família, na sua igreja, na sua denominação, no nosso mundo.
Nunca me esquecerei de sua fé inabalável, de sua confiança inapagável, de sua maturidade crescente, de sua amizade acesa. Fé própria de quem se entrega. Confiança que não exige. Maturidade de quem entende, com a mente e o coração, a sábia e misericordiosa supremacia de Deus. Amizade que não cobra os amigos.
segunda-feira, setembro 25, 2006
quinta-feira, agosto 31, 2006
SOBRE A HUMILDADE
Billy Blanco escreveu um poema ("A banca do distinto"), que transcrevo a seguir. Ele foi dado a conhecer por Carlos Oswaldo Pinto, a quem agradeço.
A Banca do Distinto
Não fala com pobre, não dá mão a preto
Não carrega embrulho
Pra que tanta pose, doutor
Pra que esse orgulho
A bruxa que é cega esbarra na gente
E a vida estanca
O enfarte lhe pega, doutor
E acaba essa banca
A vaidade é assim, põe o bobo no alto
E retira a escada
Mas fica por perto esperando sentada
Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão
Mais alto o coqueiro, maior é o tombo do côco afinal
Todo mundo é igual quando a vida termina
Com terra em cima e na horizontal.
A Banca do Distinto
Não fala com pobre, não dá mão a preto
Não carrega embrulho
Pra que tanta pose, doutor
Pra que esse orgulho
A bruxa que é cega esbarra na gente
E a vida estanca
O enfarte lhe pega, doutor
E acaba essa banca
A vaidade é assim, põe o bobo no alto
E retira a escada
Mas fica por perto esperando sentada
Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão
Mais alto o coqueiro, maior é o tombo do côco afinal
Todo mundo é igual quando a vida termina
Com terra em cima e na horizontal.
segunda-feira, agosto 28, 2006
LAMENTO PELO BRASIL
LAMENTO PELO BRASIL
Como Jesus chorou por Jerusalém, eu choro pelo Brasil.
Eu choro pelo Brasil porque amo o Brasil.
Eu choro pelo Brasil porque o Brasil em que vivo merece o meu choro.
Choro de indignação contra aqueles que deveriam fazer tudo o que podem, mas só fazem para si mesmo. Esta é a nossa maior vergonha.
(Penso nesses quando recordo o Projeto de Constituição atribuído ao historiador Capistrano de Abreu (1853-1927):
Art. 1º - Todo brasileiro deve ter vergonha na cara.
Parágrafo único: Revogam-se as disposições em contrário.")
Choro de indignação contra aqueles que levantam bandeiras, mas seus mastros estão furados, embora envernizados; são bandeiras, mas bandeiras sem mãos limpas que as levantem. Esta é a nossa maior decepção. (Ouço de novo o discurso de Jesus, quando chamou a algumas pessoas de "sepulcros caiados", bonitos por fora, mas por dentro estão cheios de ossos e de todo tipo de imundície. Por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade" -- Mateus 23.27-28).
Choro de indignação contra aqueles que não investem em educação (deixando ir as crianças, em lugar de as fazerem vir, como manda Jesus Cristo) o que determina a Constituição em vigor e que ainda não conseguiram mudar. Este é a nossa maior estupidez.
Choro de indignação contra aqueles que não vêem os corpos brasileiros estendidos nos corredores das emergências dos hospitais públicos, num cenário típico do livro bíblico das Lamentações. Este é o nosso maior crime.
Choro de indignação contra aqueles que cortam aos jovens o direito de sonhar por lhes faltarem oportunidades para porem em prática o que aprenderam. Este é o nosso maior equívoco. (Ah se não fosse a promessa bíblica de que os jovens são fortes e podem vencer o mundo, como Jesus venceu!)
Choro pelo Brasil porque amo o Brasil como Jesus amava Jerusalém.
Mas eu preciso me perguntar: amo mesmo o Brasil como Jesus amava Jerusalém?
De que estou pronto a abrir mão por amar o Brasil?
Israel Belo de Azevedo
Como Jesus chorou por Jerusalém, eu choro pelo Brasil.
Eu choro pelo Brasil porque amo o Brasil.
Eu choro pelo Brasil porque o Brasil em que vivo merece o meu choro.
Choro de indignação contra aqueles que deveriam fazer tudo o que podem, mas só fazem para si mesmo. Esta é a nossa maior vergonha.
(Penso nesses quando recordo o Projeto de Constituição atribuído ao historiador Capistrano de Abreu (1853-1927):
Art. 1º - Todo brasileiro deve ter vergonha na cara.
Parágrafo único: Revogam-se as disposições em contrário.")
Choro de indignação contra aqueles que levantam bandeiras, mas seus mastros estão furados, embora envernizados; são bandeiras, mas bandeiras sem mãos limpas que as levantem. Esta é a nossa maior decepção. (Ouço de novo o discurso de Jesus, quando chamou a algumas pessoas de "sepulcros caiados", bonitos por fora, mas por dentro estão cheios de ossos e de todo tipo de imundície. Por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade" -- Mateus 23.27-28).
Choro de indignação contra aqueles que não investem em educação (deixando ir as crianças, em lugar de as fazerem vir, como manda Jesus Cristo) o que determina a Constituição em vigor e que ainda não conseguiram mudar. Este é a nossa maior estupidez.
Choro de indignação contra aqueles que não vêem os corpos brasileiros estendidos nos corredores das emergências dos hospitais públicos, num cenário típico do livro bíblico das Lamentações. Este é o nosso maior crime.
Choro de indignação contra aqueles que cortam aos jovens o direito de sonhar por lhes faltarem oportunidades para porem em prática o que aprenderam. Este é o nosso maior equívoco. (Ah se não fosse a promessa bíblica de que os jovens são fortes e podem vencer o mundo, como Jesus venceu!)
Choro pelo Brasil porque amo o Brasil como Jesus amava Jerusalém.
Mas eu preciso me perguntar: amo mesmo o Brasil como Jesus amava Jerusalém?
De que estou pronto a abrir mão por amar o Brasil?
Israel Belo de Azevedo
quinta-feira, junho 22, 2006
O ESPERANTE
O ESPERANTE
Israel Belo de Azevedo
Desta vez, subi mais rápido, que eu já conhecia o caminho, já tinha o mapa dos cuidados, já sabia como evitar os curiosos, pois que desta vez tinha que ir sozinho também, mas tinha a preocupação de como seria recebido, já que eu tinha rachado as tábuas que recebera antes, porque não agüentei ver minha ausência ser transformada em oportunidade para aquele espetáculo: tudo menos um bezerro de ouro, que me encheu de uma ira santa, mas será que seria julgado do modo como julguei, ou minha "ira santa" seria apenas ira; confesso que, enquanto o ar me ia faltando, à medida que ia subindo, o medo foi se acumulando nas minhas veias, não seria este o primeiro encontro, mas cada encontro era como se fosse o primeiro, desde aquele quando a sarça me chamou para dentro do seu projeto de tirar meu povo da poeira do chicote, projeto que se realizou, mas nada se comparou àquele período que passei com ele durante 40 dias no alto da montanha de sua preferência, quando aprendi tudo o que sei, quando descobri que ele é exigente e amoroso ao mesmo tempo, quando vi que seus projetos se realizam mesmo que demorem, quando entendi porque quer a minha cooperação no trabalho que tem para realizar, mas agora estou com medo: ele me chamou de novo, com as mesmas instruções de santidade porque -- isso eu sabia -- queria me apresentar sua verdade; é por isto que subi tremendo, e, à medida que ia me aproximando do ponto de encontro, a luz foi se avolumando, que tive que fechar os olhos muitas vezes, o silêncio foi crescendo, que eu ouvia a mim mesmo, como se o firmamento fosse ficando mais baixo; então não pude caminhar mais, eu era Abraão chegando ao lugar do sacrifício mas não havia cordeiro, eu era Eliezer encontrando o poço de Rebeca para Isaque, eu era Jacó alcançando o topo da escada do sonho sem poder descer, eu estava de novo diante das águas do marelho prontas para prorromper; eu me afundei por segundos numa longa espera, sabedor que eu ouviria a voz outra vez, para me afundar de vez ali, decepado no hoPlocausto do meu pecado, ou para me fazer flutuar na onda macia do suave calor de sua presença, que foi o que aconteceu quando ele me chamou:
-- Sobe mais perto: eu estava esperando por você.
Israel Belo de Azevedo
Desta vez, subi mais rápido, que eu já conhecia o caminho, já tinha o mapa dos cuidados, já sabia como evitar os curiosos, pois que desta vez tinha que ir sozinho também, mas tinha a preocupação de como seria recebido, já que eu tinha rachado as tábuas que recebera antes, porque não agüentei ver minha ausência ser transformada em oportunidade para aquele espetáculo: tudo menos um bezerro de ouro, que me encheu de uma ira santa, mas será que seria julgado do modo como julguei, ou minha "ira santa" seria apenas ira; confesso que, enquanto o ar me ia faltando, à medida que ia subindo, o medo foi se acumulando nas minhas veias, não seria este o primeiro encontro, mas cada encontro era como se fosse o primeiro, desde aquele quando a sarça me chamou para dentro do seu projeto de tirar meu povo da poeira do chicote, projeto que se realizou, mas nada se comparou àquele período que passei com ele durante 40 dias no alto da montanha de sua preferência, quando aprendi tudo o que sei, quando descobri que ele é exigente e amoroso ao mesmo tempo, quando vi que seus projetos se realizam mesmo que demorem, quando entendi porque quer a minha cooperação no trabalho que tem para realizar, mas agora estou com medo: ele me chamou de novo, com as mesmas instruções de santidade porque -- isso eu sabia -- queria me apresentar sua verdade; é por isto que subi tremendo, e, à medida que ia me aproximando do ponto de encontro, a luz foi se avolumando, que tive que fechar os olhos muitas vezes, o silêncio foi crescendo, que eu ouvia a mim mesmo, como se o firmamento fosse ficando mais baixo; então não pude caminhar mais, eu era Abraão chegando ao lugar do sacrifício mas não havia cordeiro, eu era Eliezer encontrando o poço de Rebeca para Isaque, eu era Jacó alcançando o topo da escada do sonho sem poder descer, eu estava de novo diante das águas do marelho prontas para prorromper; eu me afundei por segundos numa longa espera, sabedor que eu ouviria a voz outra vez, para me afundar de vez ali, decepado no hoPlocausto do meu pecado, ou para me fazer flutuar na onda macia do suave calor de sua presença, que foi o que aconteceu quando ele me chamou:
-- Sobe mais perto: eu estava esperando por você.
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