segunda-feira, fevereiro 12, 2007

João Hélio Fernandes

A morte do menino João Hélio me fez lembrar o poema de John Donne:

"Nenhum homem é uma ilha plena em si mesma.
Cada homem é uma parte do continente, uma parte do todo.
Se uma porção de terra é levada pelo mar,
a Europa é levada, como se um penhasco fosse,
como se a casa dos teus amigos ou a tua própria fosse.
Toda morte humana me diminui, porque sou parte da humanidade.
Então não queira saber por quem os sinos dobram:
eles dobram por ti".
(JOHN DONNE -- Devotions Upon Emergent Occasions, 1623)

3 comentários:

Paula Castro disse...

É tão medonho o crime, que fica difícil acreditar, não fora as marcas de sangue no asfalto, que vi ao ir para o trabalho...
Que Deus tenha misericórdia de nós e nos livre dos monstros "criados" por uma sociedade consumista, egoísta, segregadora, racista, sem amor.
Sociedade da qual fazemos parte.
Nascemos aqui, trabalhamos muito, criamos nossos filhos com esforço para dar educação de qualidade, pagamos impostos e votamos nos governantes.
Qual é a nossa parte na construção desta nação?
Até quando a Saúde e a Educação serão inacessíveis, o povo desamparado....
Diante de tanto sofrimento....
Senhor Jesus tenha misericórdia de nós.

João Oliveira Ramos Neto disse...

Eu me pergunto: Se fosse em outro lugar, que não o Rio, a imprensa teria feito os comentários que fez?
Assim como é uma barbaridade o ato do "menor" que assassinou o menino de forma violenta, também o é o ato da imprensa usar isto, não para criticar e questionar, mas para ganhar audiência. Se a imprensa realmente fizesse o seu papel, de questionar e criticar a nossa sociedade, de repente as coisas mudariam. Mas, se mudassem e, de fato, a violência acabasse, o que a imprensa publicaria? E sem notícia sensacionalista para publicar, não há público e, sem público, não há motivo para o governo fazer as publicações que faz, para que o jornal receba recursos financeiros. E como precisa de recursos financeiros provenientes dos anúncios do governo, não pode dizer a verdade de que a violência no Rio só não acaba por falta de vontade política. Não suporto mais ouvir falar do João Hélio porque, para mim, usar o sofrimento desta família com interesse sensacionalista, também é uma barbárie. É impressionante como o que este Padre disse no Século XVI é tão atual. Parece-me que a Igreja, ao invés de mudar os absurdos, colabora para que estes permaneçam. Pr. Israel, parabenizo-o pela mensagem que ouvi na Capela: Está na hora da Igreja acordar e fazer, não somente o seu papel, mas também, o que a imprensa deveria fazer. Se mais líderes pensassem assim, estaríamos mais próximos de uma reflexão que de fato produzisse um resultado positivo. Quem sabe um dia, o questionamento de John Donne não seja mais atual e se torne apenas história para ser recordada!

Reginaldo Macêdo de Almeida disse...

Paula Castro pediu misericórdia pela sociedade e todos os seus adjetivos.

Ao meu ver esse é um dos sintomas dos tempos modernos, particularmente exacerbados pelo governo do PT: somos todos iguais e por isso somos inimputáveis. Como a culpa é de todos (nesse caso da sociedade), como a sociedade é um coletivo intangível e inimputável, a culpa não é de ninguém.

A culpa pelo assassinato do menino João Hélio Fernandes é dos seus assassinos.

Se dependêssemos dos "inputs" da nossa sociedade, como muitos gostam de atribuir, então seríamos todos assassinos, e não o somos. Se fôssemos depender da falta de punição e justiça, todos seríamos criminosos, e não o somos.

Algo nos faz diferentes de outros que sim optaram por colocar vidas em risco (nem discuto que aqueles jovens tivessem a intenção de assassinar o menino como o fizeram, mas finalmente o fizeram, não?).

Intenções, motivações, condições sociais, todos estes são elementos subjetivos, impossíveis de julgar ou de se realizar um julgamento justo.

Se tivermos que julgar, infelizmente o tangível é o fato: João Hélio morreu, e morreu da forma que morreu.

Noutro "post" o pastor falou de criticar menos os outros e mais nos auto-criticarmos. Desta forma, me permito corrigir a expressão "Qual é a nossa parte na construção desta nação?" por "Qual é a minha parte na construção dessa nação?".

A culpa é algo individual, nunca coletiva.

Aqui no Brasil os culpados sempre são as vítimas! E os assassinos é que são as vítimas. Pobres jovens, não tiveram infância, pobres coitados, vítimas de uma sociedade egoísta, etc. DEUS nos livre (e vem nos livrando) de que isso seja verdade, porque aí sim o Iraque seria mais seguro que um playground em qualquer praça do Rio de Janeiro(Pobreza não é justificativa nem motivo para ser criminoso, graças a DEUS!).

Pecar é uma escolha. Não pecar é uma escolha também. Assumamos os nossos pecados e não os atribuamos a ninguém.