quinta-feira, julho 12, 2007

IGREJA CATÓLICA, A ÚNICA. E NÓS?

O papa Joseph Ratzinger homologou algumas formulações preparadas, em 29.6.2007. pela Congregação para a Doutrina da Fé, da qual ele mesmo foi prefeito (presidente) um dia.
O texto intitulado "Respostas a questões relativas a alguns aspectos da doutrina sobre a igreja" está integralmente no site do Vaticano.
Destaco algumas frases e, depois, ofereço alguns comentários:

1. "Cristo `constituiu sobre a terra' uma única Igreja e instituiu-a como `grupo visível e comunidade espiritual', que desde a sua origem e no curso da história sempre existe e existirá, e na qual só permaneceram e permanecerão todos os elementos por Ele instituídos. `Esta é a única Igreja de Cristo, que no Símbolo professamos como sendo una, santa, católica e apostólica. (...) Esta Igreja, como sociedade constituída e organizada neste mundo, subsiste na Igreja Católica, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele'. Na Igreja católica, (...) concretamente se encontra a Igreja de Cristo sobre esta terra".

2. "Por isso, as próprias Igrejas e Comunidades separadas, embora pensemos que têm faltas, não se pode dizer que não tenham peso ou sejam vazias de significado no mistério da salvação, já que o Espírito se não recusa a servir-se delas como de instrumentos de salvação".

3. "Como (...) a comunhão com a Igreja católica, cuja Cabeça visível é o Bispo de Roma e Sucessor de Pedro, não é um complemento extrínseco qualquer da Igreja particular, mas um dos seus princípios constitutivos internos, a condição de Igreja particular, de que gozam essas venerandas Comunidades cristãs, é de certo modo lacunosa".

4. As comunidades não-católicas romanas "não têm a sucessão apostólica no sacramento da Ordem e, por isso, estão privadas de um elemento essencial constitutivo da Igreja. Ditas comunidades eclesiais que, sobretudo pela falta do sacerdócio sacramental, não conservam a genuína e íntegra substância do Mistério eucarístico, não podem, segundo a doutrina católica, ser chamadas "Igrejas" em sentido próprio".

Comento, indignado, confesso.

1. Para se legitimar, a Igreja Católica Romana tornou o apóstolo Pedro como o primeiro papa. Há dois problemas: não há prova histórica de que Pedro tenha sido um bispo, em Roma ou em outra cidade, no sentido que a Igreja Romana dá ao episcopado.

2. Para se legitimar, a Igreja Católica Romana toma a Ceia do Senhor (ou Eucaristia, uma linda palavra, que quer dizer "agradecimento") como o fundamento de sua fé, fundamento tal central que a cruz vai para segundo plano. Como só o padre celebrada a Eucaristia na missa, ela se torna, não mais um memorial de esperança sobre a morte e a volta de Jesus Cristo num instrumento de controle. Os elementos têm que se transbustancializar se não perdem sua força coercitiva. Como as outras igrejas não celebram a Eucaristia transbustancializada, logo não são igrejas...

3. Embora não estejam no mesmo nível da Igreja Católica Romana, as outras igrejas, especialmente as Ortodoxas, têm um lampejo de Cristianismo, mas só como pedagogo, só valendo para levar os ainda não-católicos para a Igreja Romana, onde "finalmente" serão salvos...)

4. Uma igreja "lacunosa" não é plenamente uma igreja.

5. Não está explícito, mas implícito no documento, que as igrejas protestantes, ditas "históricas", "pentecostais" ou "ultrapentecostais", não são igrejas. Quando esteve no Brasil, o papa Bento 16 colocou todo mundo no mesmo saco de "seitas". Alguns dos líderes destas "seitas" foram em bloco "conversar" em ele em São Paulo. O diálogo que não houve durou longos 15 minutos.

6. O texto, intitulado, tem 20 notas de rodapé, citando outros papas. Não há um só versículo bíblico. Não por acaso o "herege" Martin Lutero gritou que só se deixaria convencer pela Bíblia, tornada um dos pilares da teologia e prática protestante.

7. Como uma comunidade pode se afirmar como "a única igreja de Cristo", se ela propõe que seu líder (o papa) fala de modo infalível quando fala como papa, prerrogativa que nem Pedro, o suposto primeiro deles, resistido na cara por Paulo, pretendeu tal autoridade, pretensão próxima dos imperadores romanos que ostentavam status de divindades?

8. Não é "lacunosa" a igreja que mantém e justifica todo o vergonhoso e rentável sistema mariolátrico no mundo e, junto, toda a inverossímil e antibíblica doutrina da intercessão dos santos?

9. O protestante que se afirma detentor da verdade bíblica fala igualzinho a Joseph Ratzinger.

2 comentários:

Reginaldo Macêdo de Almeida disse...

É pastor, desta vez ele colocou por escrito, mas se não me engano, assim que foi eleito Ratzinger havia dito exatamente o que agora escreveu.

Eu me recordo que naquela época eu havia escrito no blog que haviam "sequestrado" Jesus, porque agora ele pertencia a alguém, a uma instituição.

A Igreja Católica possui muitas pessoas respeitáveis, mas a delinqüência intelectual do seu sumo pontífice a desabona sobremaneira. Além de ignorar a bíblia, também querem re-escrever a história. Deixo nas mãos de DEUS a sua justiça.

Alexandre Ramalho da Silva disse...

Prof Israel,

os liberais flertaram com o ecumenismo na esperança de que em curto prazo ocorresse uma "unificação" da igreja, que em si mesma parece-me contraditória. A Palavra de Deus, jamais afirmou que existisse outra igreja, não há vários corpos de Cristo.
Ratzinger parece, às vezes, com um pastor neo-penteconstal, declara poder absoluto de sua "igreja".
Pobres liberais, viram seu sonho lindo virar poeira na encíclica de Bento XVI.
Preocupações maiores devemos ter com o que a igreja de Cristo deve realmente ser e fazer, a lei dos frutos ainda continua, ainda está em vigor. Levar a Boa Nova, incluir e restaurar vidas, ensinar valores do Cristo, Senhor e cabeça da igreja distingue a verdadeira igreja, não dogmas, tradições, vestimentas e etc
Pelos frutos os conhecereis...
Analisem os frutos da ICAR, e por que não, analisem os frutos de igrejas Brasil afora e veremos realmente o que é seita e o que é igreja de Cristo.